O Efeito Borboleta e a Maré de Azar Que Não Baixa

Alguns anos atrás lembro de terem lançado um filme sobre um tal efeito borboleta, estrelado por Ashton Kutcher (na época ele ainda era um moleque saído das fraldas).

Nunca vi o filme. Não sei se fala sobre matemática e teoria do caos, mas provavelmente não. Filmes que tratam de teorias costumam ser chatos e cansativos para o público, resultando em fracassos cinematográficos.

O filme aparentemente trata, segundo o Wikipédia, de viagem no tempo (algo bem mais chamativo e lúdico) e alteração do passado (algo que todo mundo gosta).

Mas o que diabos é esse efeito??

O efeito borboleta é um termo da teoria do caos que trata da dependência do resultado final de sistemas dinâmicos e caóticos em relação as condições inicias e suas pequenas alterações.

Basicamente, alterações pequenas na situação ou estado inicial podem causar grandes estragos no sistema como um todo. Daí a proposta que surge no popular de que o simples bater das asas de uma borboleta seria capaz de causar um tornado ou tufão em outro lugar do mundo. Outro exemplo seria a volta no tempo, onde uma pequena alteração numa conversa, num caminhar pela rua num passado longínquo, poderia mudar o rumo da sua vida no presente, tal como, aparentemente, ocorre no enredo do filme.

Obviamente, o sistema “universo” não vai desmoronar pelo simples bater de asas de uma borboleta. A capacidade de alterar a pressão circundante do bater de asas do pequeno bichinho é muito pequena para causar um distúrbio do tipo no universo.

Mas, olhando bem, percebe-se que, as vezes, coisas do tipo parecem acontecer, principalmente com as famosas “energias” do universo. Alguns distúrbios podem causar alterações irritantes e caóticas na vida de uma pessoa.

O efeito cascata, ou quando a borboleta empurra um tufão de azar

Bem, fiquei meio afastado daqui nos últimos dias. Foram quase duas semanas sem postagem.

Tive alguns problemas nesse período que me atrapalharam na escrita, provavelmente alguma borboleta das cercanias alterou alguma molécula de azar e jogou ela pro meu lado.

Na primeira semana fiquei um pouco doente. Até achei que tinha pego essa porcaria de gripe ou alguma de suas variantes gregas (alfa, beta, delta, gama, ípsilon, etc…), mas acabei não ficando gripado.

Entretanto me acometeu uma dor de cabeça irritante que durou uns 3 dias e acabou com o resto da minha semana. Durante o período continuei trabalhando, mas fazendo menos, e quando passou, tive que “recuperar” o trabalho perdido e perdi o resto da semana que me restava com o cansaço mental da estafa.

Logo em seguida, me veio uma maré de azar interminável. Um efeito cascata (ou dominó) de azar e problemas.

Um parêntese para dizer que isso é bastante interessante. Vivemos bem, vivemos nossas vidas tranquilas, reclamando aqui e acolá de coisas bobas, mas quando algo dá errado, parece que todo o universo começa a conspirar contra (ou assim parece, pelo menos), tudo começa a dar errado ou virar do avesso.

A conta do prédio veio toda pra mim?

Primeiro uma conta de aproximadamente R$ 400,00 caiu nos meus braços.

A Enel, distribuidora de energia daqui de SP não leu meu relógio no mês passado, e me cobrou a média no dito mês, até aí tudo bem.

Então, no mês seguinte alegaram que essa medição não feita foi de fucking 990 kW de energia. Ainda me fizeram um favor de dividir a conta em duas (por que eu sou pobre e pagar mil reais de energia não é pra qualquer um), ou seja, vai vir outra paulada no mês seguinte.

O único problema é que:

1. a diferença do meu relógio foi só de 99 kW, ou seja, os desgraçados estão me cobrando algo que não usei.
2. O apartamento está vazio a quase 2 meses.

Praticamente mandaram a conta dos 5 primeiros andares do prédio pro meu endereço.

Aí liguei pra Enel e começou minha sina.

Porque tem que ser tão difícil falar com o telemarketing dessas empresas?? bancos, serviços essenciais (luz, água, gás, etc..) e serviço público, via de regra se equiparam nesse campo, é sempre canseira certa.

É música clássica escutada por 10 minutos, robô que não entende número de protocolo, funcionário que manda você pra outro setor pois ele não consegue resolver, funcionário que manda ir na agência, funcionário da agência que manda ligar na corregedoria, corregedoria não atende pois o robô não entende protocolo, aí liga de novo, manda tirar foto do relógio, abre reclamação mas no meio cai a ligação (ou foi desligada de propósito) e começa tudo de novo.

Enfim, ontem, consegui abrir uma reclamação para a Enel de cobrança indevida, mas perdi 3 dias nessa brincadeira. Como continuei trabalhando, gastei minha energia livre resolvendo essa merda e não consegui fazer mais nada.

Ainda dão um prazo de 5 dias pra verificarem seu problema e, caso não resolvam, começa tudo de novo.

Quando o banco não quer mais você como cliente…

Nesse meio tempo ainda veio outras porcarias para resolver.

Ano passado, o Itau, sem mais nem menos, resolveu cancelar a conta dos meus pais por desinteresse econômico (seja lá o que isso signifique para um banco). Não deram justificativa nem motivos, simplesmente, de uma hora pra outra, mandaram uma carta e deram uma data pra sacar tudo que tivesse em poupança, investimentos e a caralha a quatro.

O mais interessante é que comecei a reparar nos contratos dessas empresas e eles se dão ao direito de encerrar o seu contrato a qualquer momento, sem justificar pra você o motivo. Se não gostarem de você, você será cancelado, basicamente.

Dadas as circunstâncias, auxiliei meus pais no processo, abrindo conta em outro banco e fazendo o processo de transferência.

Findado o cansativo processo, restou um consórcio, que meu pai vinha pagando para poder trocar de carro.

Fato é que o consórcio não podia ser trocado de banco – as opções eram vender para outra pessoa, sacar o valor integral e tomar a bomba das taxas e impostos sobre o montante ou deixar lá no banco só o consórcio – e teve que permanecer no maldito Itau, mesmo não tendo conta alguma sobre sua tutela.

Basicamente vinham os boletos e pagávamos normalmente, aguardando o término ou o sorteio para poder tirar o carro.

Mas nessa semana, o Itau, não satisfeito em fazer perder uma semana do ano passado, decidiu, novamente sem justificativas, cancelar a cota do consórcio em questão.

Então nos foi dado um prazo para entrar em contato e pedir o saque integral do dinheiro (obviamente, descontado das absurdas taxas que eles cobram). Aí foi mais um dia de ligações, visita as filas da agência e espera. (O Covid deu a justificativa perfeita para as empresas fazerem o serviço mais porcamente e o mais lentamente possível, “estamos com falta de gente e com muito serviço, tenha paciência”, eles dizem).

Tem mais??

Tem sim, sempre tem mais.

Ainda tive uma encomenda que fiz no Ali Express taxada pela maldita alfândega brasileira.

Fiz a compra de um produto no valor de R$785,00. Inocente que era, tinha na minha cabeça que até 500 dólares não havia cobrança excedente. Lembrava que, em viagens, geralmente esse era o valor que o pessoal falava que podia trazer de produtos sem ser taxado.

Pois, fiquei sabendo de um jeito bastante doloroso, se é que me entendem, que o Brasil não permite importação de nada que vale mais de 100 dólares sem cobrar uma “pequena” taxa.

Uma pequena taxa de fucking 60% sobre o valor total do bem (mercadoria + frete + seguro do transporte). Ou seja, paguei mais R$470 em um produto de R$785.

Valeu Brasil!!!!

E agora, como ficam os posts?

Ainda consegui ler metade do livro Lolita de Nabokov nesse período, mas não comecei a escrever nada a respeito. Pretendo escrever algo nos próximos dias, mas tudo vai depender de como as coisas andarão, ou se algo novo surgirá.

O Brasil não é para amadores, como dizem os memes, e estou sendo forçado a praticar as virtudes da paciência e controle emocional no processo.

Espero que essa maré passe logo e venha um meio de Julho-início de Agosto mais calmo e tranquilo.

Abraços a todos e, espero, sorte também.