Bem, não vou tentar explicar oque diabos é um mata-burro.
As vezes, uma imagem fala mais que mil palavras. (Na maioria das vezes, devemos concordar). Como não sou um bom desenhista, segue uma ilusão (ou um draft, como chamam hoje) de um mata-burro.
Como se pode perceber, é uma estrutura no meio da estrada com uma espécie de painel vazado. Isso impede que o burro passe de um lado para o outro pois, aparentemente, o burro não consegue discernir o fundo do painel da superfície vazada, pensando que vai cair.
Os seres humanos adoram colocar esse tipo de estrutura para adornar as cidades, como painéis de vidro em buracos nas ruas, lugares altos ou mesmo aqueles painéis vazados de aço no chão da avenida paulista. Talvez exista alguma brincadeira nisso, no pensar que vai cair e mesmo assim passar por cima da coisa.
Como numa espécie de parábola, assim como o burro, passamos diversas vezes pelo medo do mata-burro. Não queremos atravessar, pois temos medo de cair ao ir pro outro lado. Achamos que a segurança dos nossos trabalhos, que a regularidade de nossos cotidianos e que nossa vida em si já está suficiente, tudo do lado de cá, do lado seguro, do lado do “sempre foi assim e jamais mudará”.
Entretanto, sempre existe aquela coceira atrás da orelha para atravessar o mata-burro. Conhecer um outro país, largar tudo, deixar o emprego que não gosta pra trás, pegar o carro (ou a moto), um ônibus, e sair por aí, sem rumo, vivendo uma aventura.
É o mesmo dilema de Bilbo, que, mesmo amando uma aventura e querendo conhecer o “além do condado”, acaba se boicotando, forçando-se a acreditar que a vida no bolsão já é ótima, já é suficiente.
Isso me leva ao outro elemento deste texto. A encruzilhada. Geralmente, os mata-burros se encontram próximos das encruzilhadas.
Esse é o elemento demoníaco, onde qualquer um dos lados é uma decisão e o medo toma conta do indivíduo. Daí a importância do mata-burro. O burro, ao ver que precisará escolher o caminho, e vendo que pode cair em ambos, decide simplesmente ficar parado (seria ele burro mesmo??).
Eu, sempre fui meio Bilbo Baggins, tentando ao máximo evitar o exterior da minha bolha, me mantendo no meu condado, evitando aventuras e outras ousadias. Entretanto, a vida me levou a navegar pela “terra média” e, ainda hoje, mesmo após ter feito uma decisão, tenho medo de cruzar os mata-burros que aparecem no meio do caminho.
Algumas decisões de nossas vidas podem ser até erradas, podem não dar em nada: É o emprego promissor que largamos para ir naquele intercâmbio ao exterior, é uma chance para voltar a estudar e buscar algo desconhecido, é uma viajem para um lugar desconhecido, é largar tudo para ir morar num outro estado, num outro país, para ir atrás de um grande amor (se é que existe isso), para deixar as assas da casa dos pais. É tentar se tornar atleta depois dos 25’, tentar correr uma maratona aos 45’ ou mesmo aprender a desenhar com 50’.
Na vida, que só é uma vez vivida, as decisões das encruzilhadas importam. Mas mais importante ainda é a coragem para atravessar o mata-burro após escolher o caminho a ser seguido e assumir as consequências do destino.
Talvez esse seja o elemento decisivo: a coragem. Pois a decisão só vira verdadeira quando precedida por uma ação.
Afinal, se só vivemos uma vez, na finitude de nossas vidas, de que vale a segurança de ficar parado? De se manter, eternamente, o mesmo, a menos que por escolha própria?
penso que o tédio é o preço da paz
essa paz pode ser trocada por emoções fortes , mas o preço também é alto e nao necessariamente recompensador
“e manter, eternamente, o mesmo” desde q vc goste de vc do jeito que é, não haveria problema; se bem que o mero envelhecer no mudar indepedente de nossa vontade
então a mudança é um processo constante
pro homem ser feliz acho que basta sexo + musculação + internet hahahahaha
nao tenho nada contra viagens, intercambio, pratica de esporte etc – as possibilidades são infinitas
só penso que o individuo tem que traçar um objetivo e seguir com constancia, caso não será como um barquinho em meio a tempestade; mudando de direçao a qq momento
fora que sempre há limitações reais: anões não jogam basquete na NBA; mulheres nao lutam mma com homens etc
abs!
“penso que o tédio é o preço da paz” Sim, você está certo. Mas a vida sem nem um pouco de emoções fica insossa, na minha humilde opinião.
“preço também é alto e nao necessariamente recompensador” Eu entendo sua colocação. Já pensei que a minha decisão me colocou em posição pior que antes.
Entretanto, fui eu que tomei e isso se chama liberdade. Talvez seja a única que realmente existe, a de escolher essas pequenas decisões da vida.
E quando reflito, me sinto orgulhoso, ao menos. Quando dá certo, a sensação é melhor ainda, e quando não dá, no futuro, sempre dou risada da merda que fiz.
“basta sexo + musculação + internet” kkkk Essa é a definição de vida boa. O primeiro, diria ser essencial. Quanto aos dois últimos, eu não conseguiria viver só navegando à deriva na internet e fazendo musculação sem objetivos.
O objetivo também é uma escolha. Quando você decide algo, você renuncia ao resto. Acho que isso é importante, pois é o que dá direção.
“fora que sempre há limitações reais” Você é bastante ponderado e realista, Scant. Isso é bom, para não iludir a si mesmo e aos outros. Eu também penso assim, só não conto para ninguém. As pessoas, na grande maioria, sempre pensam que são as melhores em algo e isso as torna, de certa maneira, esnobes em relação a alguém que sabe um pouco menos (engraçado que esse fenômeno parece ser mais visível em quem menos estudo têm. Quem sabe muito sabe do grande mar existente fora das cercanias de seu próprio conhecimento).
Meu foco é em vencer a mim mesmo, cada dia. Se um dia eu me descobrir um ser fora da curva e ter alguma possibilidade de performar em alguma habilidade (erguer peso como John Hack, desenhar como Picasso, entender como Einstein, escrever como Hemingway, etc….) eu vou dar valor a isso e tentar melhorar ao máximo. Por enquanto, ainda me vejo mediano em tudo, sempre tendo margem para grandes melhoras com a prática constante. E continuo…..
Abs!
muita gente fora da curva era só abençoado genético, seja para ganhos físicos ou mentais
John Haack – parece q toma hormônios regularmente ha anos
inteligência tb é genética (eu mesmo so me dei bem em concurso pq nasci com uma boa capacidade de memorizacao)
claro q nao é só genetica que manda, mas as pessoas tendem a reconhecer seus proprios pontos fortes e lucrar com isso
os pontos desfavorecidos pela genetica podem ser melhorados com muito esforco ou drogas depois de muito tempo – ai se chega num nivel supramediano (ainda q nao necessariamente num nivel de maestria; mas quem sabe onde o esforco pode levar um mediano?)
de qq forma, boa sorte!
Mas logo, logo, homens trans que “viraram” mulheres vão lutar com mulheres de verdade no mma. Em alguns esportes, essa obscenidade já é permitida.
Cara, vi esses dias uma reportagem que começaram a barrar algumas dessas trans. Parece que na natação, se não me engano, trans só vão poder competir com as mulheres se não tiverem passado pela puberdade, quando a testosterona está nas alturas e o cara começa a desenvolver a musculatura. Na luta, acho que isso dificilmente vai acontecer, a menos que seja no WWE kkkkk. Quando o nível fica muito alto não têm como misturar os sexos, fica muito brusca a diferença. Apesar que no dia a dia têm muita mulher que desce o sarrafo em marmanjo kkkk
Link do que mencionei
O contrário, eu não vejo, atletas mulheres que viraram homens querendo competir em categorias masculinas.
Vou dar uma conferida no link.
Esse seu mata-burro ficou parecendo uma obra do Niemeyer.
Rapaz, Niemeyer deve ter dado uma remexida no caixão kkkkk
Longe de mim avaliar arquitetura desses caras, eu como engenheiro só faria caixas kkkk.
Ficou meio zuado o desenho, mas foi uma tentativa de mexer com a aquarela e os pasteis do software de desenho que baixei aqui, não ficou dos melhores, mas dá pra entender =D.
Olá, Mago.
Gostei dos desenhos.
Conheço bem mata-burro porque transito bastante por zonas rurais. E tem um dado sobre isso: estão rareando. Vão sendo removidos e não mais substituídos. As razões para isso não sei. Acho que é algo que ficará no passado, igual à roda de água. Penso é porque não se usa mais tanto burro ou cavalo para transporte. Os poucos cavalos que vejo são mais “de coleção” e caros. Quando não estão nos haras, são transportados em reboques confortáveis com ar condicionado.
Mata-burro é um perigo para carro. Não raro, alguém afundava o pneu em um. Uma amiga minha passou por isso no meio do nada e demorou quase um dia inteiro até conseguir ajuda.
A covardia é necessária. Às vezes é inteligência, como no caso do burro. Ser afoito demais, no geral, é burrice. Muitas vezes o sujeito pensa que precisa arrisca porque a vida é curta. Para mim, é o contrário: a vida é curta, não há muito o retirar dela por muitos e muitos anos… então vá com mansidão.
O problema maior do mata-burro é quebrar a perna e ficar de muleta, semi-inválido, seguindo manco o restinho da vida que em si é besta e simplória até para cara como Bill Gates.
“É o emprego promissor que largamos para ir naquele intercâmbio ao exterior”
– Se o emprego é promissor, agarre. Depois vai conhecer o mundo com grana de seu próprio bolso.
“Esse é o elemento demoníaco”
– Encruzilhadas sempre são associadas ao tinhoso. Não é à toa que tudo relacionado ao vodu tem que meter uma encruzilhada no meio.
Abraços!
Olá, Neófito.
“estão rareando” pelas bandas do Ceará que frequentava ainda existiam alguns, mas acho que é uma tendência essa redução. Cada vez o pessoal quer mais asfalto para poder andar com moto e carro sem problemas. O transporte com animal também reduziu muito, é até uma espécie de evento ver alguém cavalgando por necessidade e não por diversão ou em uma corrida.
Engraçado isso do “perigo para carro” que você comentou, nos que eu passei nunca tive problemas e nunca me atentei para perigos. Acredito que seja um problema se for feito de madeira, ou com as folhas de metal muito distantes uma da outra. Nos que passei sempre havia uma proximidade, dificultando afundar a roda ou mesmo ficar preso. Agora, ficar no meio do nada sem poder sair deve ser foda kkkk É um dos medos que tenho em estradas de terra à noite. Uma vez me perdi e só consegui voltar pra casa com ajuda de perdidos que estavam voltando pra casa de noite.
Só acho a covardia uma virtude quando a ação pode ser pior de maneira crítica e terminal quando comparado aos possíveis ganhos, como o risco de morrer tomando um tiro reagindo a um assalto estando desarmado.
“sujeito pensa que precisa arrisca porque a vida é curta” Realmente, muita gente pensa assim. A vida é curta mesmo, as vezes, viver demais na mesmice pode ser um perigo também, chegar no final e perceber que agora não dá mais tempo.
“Depois vai conhecer o mundo com grana de seu próprio bolso.” Esse é o pensamento de muita gente mais velha. Engraçado que dificilmente vejo o pessoal mais velho fazendo coisas que poderiam ter aproveitado quando mais jovem. A pessoa muda, muitas vezes fica mais cansada, menos aberta a riscos, menos aberta a situações de desconforto. No fim, a experiência passou e agora você quer outras, diferentes. Mas isso também é uma escolha e cada um deve carregar o fardo das próprias escolhas. Eu gostaria de algum dia fazer uma grande viagem de moto, mas não acho que poderia fazer depois dos 60, provavelmente, nessa idade, vou querer mais conforte e descanso.
“tudo relacionado ao vodu tem que meter uma encruzilhada no meio” Verdade. Gosto dessa imagem, é até meio aterrorizante, aquela encruzilhada no meio do nada com aquele milharal no entorno e uma casa de madeira abandonada. Imagino assim um encontro com o capeta kkkkk.
Abraços!!
“Nos que passei sempre havia uma proximidade, dificultando afundar a roda ou mesmo ficar preso. “
O que há é que não raro a madeira quebra. Aí a roda afunda e para sair é difícil, isso se você não rasgar o pneu.
“Engraçado que dificilmente vejo o pessoal mais velho fazendo coisas que poderiam ter aproveitado quando mais jovem”
Conheço vários que só vieram a aproveitar BEM a vida na maturidade. Claro que não podemos deixar para viver depois. Mas eles viveram, só que sem arroubos. Depois, já bem de vida, passaram a gastar, especialmente com muitas viagens pelo mundo. Mas, claro, também vejo muitos vivendo uma vida de merda até o final, mesmo com muita grana no bolso. Esses dias morreu um senhor conhecido, milionário, que vivia falando em conhecer o mundo. E nunca foi. A família ficou feliz com a bufunfa. São vários casos de velhos mãos-de-vaca assim.
Viagem de moto eu não faria nunca. Até porque quase morri quando tinha 18 anos num acidente de moto. Mas, se pudesse, viajaria num motorhome!!! Deve ser incrível sair por aí à toa e parando em qualquer lugar quando o cansaço bater.
Abraços!