If-Rudyard Kipling

Esta semana foi bastante corrida no trabalho, e não consegui postar nada muito complexo por aqui. Decidi montar uma coluna com poemas legais que li e postar por aqui nesses dias mais corridos. São poemas e frases inspiracionais, mas sem a famosa viadagem dos livros de auto-ajuda. Sabedoria antiga a respeito da realidade do mundo.

Começarei com esse lindo poema do escritor inglês Rudyard Kipling, If.


If- by Rudyard Kipling

If you can keep your head when all about you   
     Are losing theirs and blaming it on you,   
 If you can trust yourself when all men doubt you,
     But make allowance for their doubting too;   
 If you can wait and not be tired by waiting,
     Or being lied about, don’t deal in lies,
 Or being hated, don’t give way to hating,
     And yet don’t look too good, nor talk too wise:

 If you can dream—and not make dreams your master;   
     If you can think—and not make thoughts your aim;   
 If you can meet with Triumph and Disaster
     And treat those two impostors just the same;   
 If you can bear to hear the truth you’ve spoken
     Twisted by knaves to make a trap for fools,
 Or watch the things you gave your life to, broken,
     And stoop and build ’em up with worn-out tools:

 If you can make one heap of all your winnings
     And risk it on one turn of pitch-and-toss,
 And lose, and start again at your beginnings
     And never breathe a word about your loss;
 If you can force your heart and nerve and sinew
     To serve your turn long after they are gone,   
 And so hold on when there is nothing in you
     Except the Will which says to them: ‘Hold on!’

 If you can talk with crowds and keep your virtue,   
     Or walk with Kings—nor lose the common touch,
 If neither foes nor loving friends can hurt you,
     If all men count with you, but none too much;
 If you can fill the unforgiving minute
     With sixty seconds’ worth of distance run,   
 Yours is the Earth and everything that’s in it,   
     And—which is more—you’ll be a Man, my son!

Pesquisando na internet vi que o poema era endereçado ao filho de Kipling, um guia para viver uma vida honrada na era victoriana. Mas a expressão “meu filho”, pode também ser utilizada por alguém mais velho para se endereçar a um jovem, um rebelde, um homem que ainda não amadureceu e acha que a vida deve ser rápida, que vale tudo para ganhar.

Assim, creio que o poema possa se endereçar a grande parte do mundo atual, pois mesmo após mais de um século, as pessoas não mudaram tanto e o poema continua verdadeiro.

Muitos colocarão a culpa de diversas coisas nas suas costas, mudarão aquilo que você falou para atenderem seus desejos próprios, farão você duvidar de si mesmo, como se não fosse capaz.

Muitos farão crer que as coisas devem vir rápido, sem o devido esforço necessário, farão crer que a paciência é uma virtude desnecessária num mundo digitalizado.

Muitos mentirão sobre você, te odiarão, dirão aos outros que você é ridículo e não sabe do que fala, que é louco.

Se, apesar de tudo isso, a pessoa conseguir manter a cabeça erguida, reconhecer quando erra e não levar para o lado pessoal, saber esperar e continuar lutando enquanto possível, saber sonhar mas não tornar seu sonho uma obrigação, não parecer demasiadamente pretensioso, saber perder e saber que desastres acontecerão inevitavelmente.

Se, apesar de tudo isso, a pessoa souber que, muitas vezes, tudo ao qual deu sua energia, seus esforços, podem resultar em nada, e aceitar isso normalmente, pois faz parte da vida a ascensão e a queda de tudo. Aceitar que, as vezes, devemos começar novamente do zero, sem reclamar ou culpar a outrem.

Se conseguir manter a batalha e o esforço pelo que vale a pena para si, ainda que todos digam que basta, que toda essa batalha não dará em nada, que sua luta é desnecessária.

Se conseguir manter a virtude em grande parte de suas ações. Se conseguir ser um camaleão, andando normalmente entre os ricos e parecendo um cara normal entre os menos abastados.

Se grande parte desses “se” forem completos, não garanto que será um Homem, como Kipling, mas será no mínimo honrado e maduro, que, hoje, na minha opinião, já é mais do que suficiente para este mundo caótico.

Até a próxima!!

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Neófito
2 anos atrás

Olá, Mago.

“If” é constantemente referenciado (e reverenciado) em diversas obras da cultura popular. Vi mais de uma vez referências em gibis, por exemplo. Só não recordo quais, agora.

Concordo que o “poema continua verdadeiro”. São diretrizes para uma auto análise, onde o resultado positivo indicaria que você é ou está se tornando isso: uma boa pessoa. Contudo, o mundo mudou bastante e valores tradicionais não funcionam mais. É como os conservadores que vão além do conservadorismo político para querer, também, conservar morais que não existem. Caras como Paulo Kogos, fingindo que pode ser um cavaleiro medieval “casto” (como ele mesmo diz), em busca de sua princesa encastelada. Isso não existe. E o mundo não busca mais esses valores, derivados e similares.

Ser “conservador”, hoje, é “revolucionário”.

Acredito que a jornada em busca de se tornar melhor, por si só, já nos traz bons frutos, nesse processo sem fim de amadurecimento.

Abraços!

A Marreta do Azarão
A Marreta do Azarão
2 anos atrás
Reply to  Matheus

Um belo poema, sem dúvida.
Eu me lembro de IF no final de uma história do Flash, publicada em 1990 no Superalmanaque DC nº1, ainda pela Editora Abril, em formatinho.
http://scandehqs.blogspot.com/2012/12/superalmanaque-dc-origens-secretas-n-1.html

Neófito
2 anos atrás
Reply to  Matheus

Às vezes percebo que me tornei uma pessoa melhor com o tempo. Mais resignada, tolerante, boa de ouvir, reflexiva antes de impulsos, compreensivo com vizinhos e colegas de trabalho etc.
Objetivamente, me tornei “bom”.
E, ao mesmo tempo, às vezes me sinto meio trouxa por tudo isso.
Aí, no momento, venho me focando em mim, por mim, para mim. E estou me isolando cada vez mais do mundo ao meu redor. E percebo que vem me fazendo bem.
Além de minha filha, nada mais vem me importando.

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