Lapiseiras, Canetas e Papel (Materiais de escrita que uso para transformar ideias abstratas em realidades) parte 1

Resolvi fazer um post com as canetas, lapiseiras e papeis (cadernos e folhas avulsas) que utilizo.

No primeiro post deste blog, o Kleiton, do Blog do Neófito, comentou que um post sobre as canetas tinteiro que tenho seria interessante. Este post surgiu em decorrência deste comentário. Entretanto, resolvi colocar alguns outros artigos de escrita que tenho, até para que, num futuro longínquo, me recorde do que tinha, caso tenha me livrado de algo.

Como tenho várias lapiseiras e canetas, resolvi dividir em dois posts, para não ficar muito grande e cansar.


Antigamente, achava que escrever era algo reservado aos poucos afortunados que receberam o dom da deusa Fortuna. Escrevia muito pouco quando criança, apesar de escrever as famosas redações engessadas que nos pedem no ensino médio, todas sobre temas que não temos interesse algum quando jovens.

A ideia de conhecimento das escolas parecia divergir da minha. Acreditava que o conhecimento só é válido se for válido para você como indivíduo, útil para você. Algo como escrever uma redação sobre falta de oportunidade de indígenas de ter ensino formal, trabalho infantil na sociedade, garantir liberdade de informação , pode ser válido para gente mais velha, que precisa mostrar algum conhecimento de causa sobre a sociedade, mas castra a criatividade de escrever um texto simples, que, as vezes, é muito mais válido para um jovem de 15 anos, por exemplo, que muitas vezes não sabe nem fazer equação do primeiro grau ainda e já é obrigado a ter opinião sobre tudo e todos.

Escrevia coisas breves nessa época, mas guardava tudo em papel, a maioria escrito em lápis ou caneta bic. Joguei muita coisa fora por achar que não valia a pena estar no papel. Também não tinha muita inspiração, já que não lia muito, só os títulos que eram obrigados pela escola para fazer provas. Minha letra, nessa época, era de forma, e não me importava muito em fazer algo agradável aos olhos.

A paixão pelas lapiseiras

Lembro que, a primeira vez que pensei “ei, acho que posso escrever melhor e mais bonito” foi no cursinho preparatório (comentei dele no post passado). Lá, acreditando que para ser engenheiro precisava ter lapiseira boa, a galera comprava lapiseiras até da China e do Japão. Era cada cacareco diferente que não tinha igual.

Comecei a ir fundo nas lapiseiras, comprava várias, pois sempre fui meio que colecionador. Testei vários pentes de grafite, tamanhos (0.3; 0.5; 0.7; 0.9; etc..), marcas, modelos… Hoje ainda tenho um cemitério dessas lapiseiras (com o tempo fui emprestando algumas e elas foram quebrando, já que nem todo mundo cuida igual eu cuidava).

Algumas lapiseiras do cemitério (quebradas ou que já se aposentaram)

Hoje, mantenho em meu set-up, basicamente, 8 lapiseiras. Abaixo, deixo imagens de cada uma delas e um pouco da história da compra de cada uma:

Pentel P205

Pentel P205

Talvez a primeira e, muitas vezes, a única lapiseira de qualquer engenheiro, desenhista ou arquiteto. Comprei essa lapiseira logo que entrei no cursinho. Era a mainstream, aquela que todo mundo tinha, o selo de que você pertencia aquele mundo, aquele grupo.

Na época, comprei somente uma 0.5, guerreira que me acompanha até hoje. Fiz vários vestibulares, concursos e provas da faculdade com essa lapiseira. Diria até que ela escreveu grande parte da minha vida. Hoje, já meio enferrujada e velha, continua seus trabalhos. Depois, cheguei a comprar outros nibs, mas acabaram indo parar no cemitério.

Mitsubishi Uniball Kuru Toga

Uniball Kuru Toga

Descobri, nesse mesmo cursinho, que a Mitsubishi não fazia só carros. Existe toda uma linha de artigos para escrita feita pela divisão Uniball da Mitsubishi. A garota dos olhos dos nerds daquela época era a Kuru Toga. Essa lapiseira de plástico, que parece frágil, é, na verdade, uma obra prima de engenharia dos japas. A ponta rotaciona toda vez que toca no papel, não permitindo que o grafite fique com uma ponta, já que todo mundo escreve em um ângulo específico.

Fiquei vidrado nessa lapiseira logo que a vi. Comprei a primeira, de plástico, no meu segundo ano de cursinho (fiz três anos de cursinho e não passei!!! kkk). A outra, de metal, comprei quando já estava na faculdade.

A de plástico é boa, mas tende a ficar com a tampa da borracha frouxa depois de um tempo. Por esse motivo, aposentei ela e, hoje, só uso a de metal. Essa também me ajudou muito a fazer várias provas de mecânica dos fluidos e termodinâmica.

Pentel Graphgear 1000

Pentel Graph1000

Essa lapiseira é a evolução do projeto da P205, uma versão pro, diria. No meu último ano de cursinho ela começou a pipocar nas mesas da galera, quase todas importadas de sites chineses (hoje já dá pra encontrar por aqui). Não perdi tempo e também comprei a minha, a que parece de Inox. Ela é boa pois tem a ponta retrátil, não correndo o risco de, se cair, quebrar ou dobrar a ponta que traz o grafite. Lembro que tinha uma de cada nib de grafite (sobrou em minha mão só a 0.3, existe viva ainda uma 0.9, que emprestei para minha mãe).

Depois, quando sobrou um dinheirinho na facu, comprei a versão pro da Graph1000 (preta), não é retrátil mas é muito macia de escrever.

Koh-I-Noor Mephisto Pro

Koh-I-Noor Mephisto Pro

Lembro que, procurando por lugares com materiais para escrita, achei uma loja no centro de São Paulo, na famosa rua Barão de Itapetininga, chamada O Projetista. Aquela loja era (ainda é, acho!!) um delírio para quem gostava de escrita e desenho. A primeira vez que fui lá, fiquei encantado com essa lapiseira de marca tcheca. Não pensei duas vezes e saquei o dinheiro do bolso para levar duas (uma 0.3 e uma 0.5). Essa lapiseira é muito bem construída, já caiu algumas vezes e se mantêm integra, como uma rocha. A escrita é muito boa com essa lapiseira, pois ela têm uma borracha em volta da ponta, permitindo escrever por horas sem ficar muito cansado.

Caran D’Ache 844

Caran D’Ache (“A suíça”)

Comprei essa lapiseira suíça em uma livraria perto de casa, que hoje já não existe mais. Na época, achei bastante bonita. Apesar de ser 0.7, um nib que não gosto muito, comprei. Hoje, não uso muito, mas deixo ela guardada em casa, caso um dia venha a precisar.

Grafites

Grafites que tenho no momento em casa.

O grafite que mais gosto de utilizar é o 0.5 4B. Por ser bastante macio, deixa aquelas marcas bem escuras de grafite no papel, porém hoje é muito difícil de achar esse nib facilmente em lojas de bairro e, por preguiça, acabo comprando o 2B.

Talvez venha a importar uma caixinha deles num futuro próximo.

Lápis

Alguns Faber-Castell que mantenho em casa.

Também uso bastante lápis. Uso eles para um única função: Leitura. Gosto de correr as linhas com um lápis e fazer as anotações com eles. É como um vício. De alguma forma meu cérebro acha que se o lápis não estiver na minha mão não consigo prestar atenção.

Uso bastante os lápis da Faber-Castell. Gosto dos 4B para cima. Não consigo utilizar a lapiseira para este fim pois, como ela não é uniforme (na estrutura, digo), minha cabeça meio que desfoca a atenção (eu sei, parece imbecíl para alguém que está lendo, mas é como me sinto e como funciona pra mim).

No próximo post vou escrever sobre as canetas, cadernos e sobre papel.

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Neófito
3 anos atrás

Olá, Matheus.

Grato pela menção.

O tema realmente é interessante, já que poucos possuem esse hábito infelizmente perdido de escrever à mão. Pensei muitas vezes em escrever num caderno, para manter o costume. Mas fui deixando para lá e atualmente acredito que precisaria reaprender como escrever à mão. Isso é grave, se pensarmos bem. Digito desde os 16 anos. E entre os 14 e 15 utilizava uma máquina Olivetti para escrever bobagens pessoais e trabalhos escolares. A máquina era de minha tia. Passei uns anos com ela e a devolvi quando comprei um computador.

Ah, as redações lacradoras da infância: índio bom, homem branco mau. Tudo faz parte da incursão da teoria crítica em nossa educação sucateada. Crianças imbecis que não arrumam o próprio quarto escrevendo “criticamente” sobre justiça social e processo civilizatório. No dia em que algum guri de 10 anos de idade escrever que não existe ocupação sem sangue, o professor envia para o psicólogo.

Meu irmão tinha gosto por lapiseiras, especialmente por ser um excelente desenhista. Era, acho que hoje não desenha mais nada. Nunca mais toquei nesses assuntos com ele. Guardei vários desenhos dele numa pasta por anos. Um dia ele pegou para mostrar aos amigos e perdeu tudo! É um bosta quanto a zelo. Mas extremamente criativo. É engenheiro de materiais. Mas teve um período de desenho industrial e abandonou o curso.

Pentel não era a básica apenas de profissionais, acho, mas de nós todos. Tínhamos Pentel para uso na escola. Acho que eu a tinha mais por influência de meu irmão. Eu também gostava de desenhar e depois arte finalizar com nanquim. Em casa, felizmente, tínhamos lapiseiras, nanquim, guache, óleo etc. Éramos incentivados a desenhar, moldar em massinha, fazer bobagens com cartolina, seda, gesso etc.

Cara, como foi bom recorda da Pentel agora…

A Mitsubishi deve produzir até lubrificante íntimo. Sempre me surpreendo com ela quando vejo algo com a marca. Quando garoto, as TVs de tubo Mitsubishi eram bem-vistas e garantia de qualidade. Depois os automóveis foram invadindo por aqui, com o sedã Eclipse e, atualmente, a linha L200 (usei uma GL durante anos, cedida pelo trabalho, ótima para zona rural).

Tenho uma caixinha de grafites em casa, lacrada. Usaria para rabiscar, mas perdi a lapiseira. Comprei nas Americanas, quando fui comprar material escolar para minha filha.

Sobre a Faber-Castell, me tornei adulto para saber que ela possui linhas caríssimas de lápis de cor. É um mundo realmente maluco, esse de artes e seus materiais. Salvador Dalí usou ouro em pó em algumas telas como forma de protesto em razão do custo, ao artista, do material para desenho e pintura. Logo, a questão é antiga. Era foi rico em vida, mas sabia como isso pesava para aspirantes ao sucesso.

Espero que você tenha um estojo bacana para acomodar tudo isso. Se não, seria interessante até mesmo encomendar um a algum marceneiro.

Depois confere alguns exemplos:
https://www.google.com/search?q=estojo+profissional+de+desenho&rlz=1C1SQJL_pt-BRBR914BR914&oq=estojo+profissional&aqs=chrome.1.69i57j0l5j0i22i30l4.4878j0j9&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Abraços e belo post!

Neófito
3 anos atrás
Reply to  Matheus

Acaso eu me dê novamente à escrita, retornarei aos livros de caligrafia. Como você bem disse, o legal é que hoje podemos baixar.

Gosto bastante desse filme. Não gostei do remake ianque. Na verdade, sou um grande fã de Ricardo Darin. Ainda tenho vários filmes com ele na lista. É fatal. Acabamos nos apaixonando por alguns atores e atrizes. É como denzel washington. Botar ele em alguma produção já é certo para mim.

Meu irmão se desinteressou por tudo e acho isso meio triste, de verdade. O cara não lê mais nada além de obras acadêmicas, não rabisca etc. No máximo, joga umas horinhas de videogame.

Suspeitei que você fosse engenheiro ou da área técnica similar.

Carro, para mim, é isso que você falou: ferramenta de uso. Não fico lambendo carro. Cuido do essencial. É algo para rodar ao máximo e trocar, apenas isso. Pequenos objetos afetivos são para sempre. Não deveríamos nos apegar a objetos. Mas sinto bastante quando perco algo que gosto. Tb tenho um cuidado intenso com equipamentos eletrônicos, pois cuido para que durem bastante e sou apaixonado por computadores e tecnologia em geral.

Acho interessante aguadas com nanquim. Mas nunca consegui um efeito desejável. Nem tento mais. Abandonei os desenhos.

Já atolei l200, frontier etc. Precisei de reboque para sair.

Sobre: “o segredo é ficar contente com o nível atual do que podemos ter e aproveitar ao máximo isso”… rapaz, andei pensando bastante sobre isso esses dias, quando percebi que estava ficando insatisfeito com muita coisa.

Uma coleção merece sempre um local para ser guardada. Esses lápis sem estojo estariam meio que perdidos, por assim dizer.

Abraços!

Neófito
3 anos atrás
Reply to  Matheus

Tenho acesso a HBO pirata. Tenho o acesso, mas nunca acessei. Até hoje não sei porque comprei esse aparelho.

“acho que esse pessoal vive mais feliz que a gente que pensa muito” Eu acredito nisso, mas com ressalvas. Ando presenciando muitos casos de depressão e crises de ansiedade entre pessoas menos favorecidas financeira ou intelectualmente. Aliás, os médicos sempre dizem que receitam a rodo clonazepam nas comunidades mais pobres!

Ultimamente, venho pensando que o mundo todo está fodido emocionalmente, e nem a cerveja aguada no fds está funcionando.

Abç!

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[…] Este post é uma continuação. Caso tenha caído de paraquedas por aqui e queira ler o primeiro, onde falo das lapiseiras que utilizo, clique aqui. […]

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