Em um mundo paralelo Lolita jamais existiu.
Em 1955, Nabokov havia perdido grande parte de tudo que já teve. Exilado na Inglaterra devido as revoluções e guerras que ocorriam na Rússia, perdeu sua casa natal, terras e parte da família, que era nobre e aristocrata em sua terra natal. Ali, angariou uma bolsa em Cambridge destinada a filhos de proeminentes russos que foram exilados. Cursou, primeiro, zoologia, mas acabou mudando para literatura Francesa e Russa.
Após, foi para Berlim, onde morou até 1940. Até então seus romances não eram notados e não lhe rendiam nada além de trocados. Subsistia através de aulas de tênis, russo e inglês. Em 1940, temendo o avanço das tropas alemãs, atravessou o mar e fugiu novamente, indo morar nos EUA.
Lá, conseguiu vários empregos lecionando, sendo o principal deles como professor na universidade de Cornell, um prestigiado college da Ivy League. Continuou com sua paixão pela entomologia (estudo de insetos) no período e frequentemente viajava para estudar borboletas. Em uma dessas viagens começou um rascunho chamado Lolita.
Temendo a repercussão que o texto recheado da falta de pudores para a época pudesse trazer ao seu emprego, decidiu queimar as páginas, fazendo com que nunca existisse.
Nessa encruzilhada entre o autor e seu destino, a mão do incerto tocou. Sua mulher, Véra, o interrompeu, convencendo Nabokov a tentar publicá-lo.
Seu livro foi rejeitado muitas vezes, por praticamente todas as editoras americanas e inglesas que apesar de reconhecerem a qualidade do livro, por medo da repercussão do conteúdo e possíveis processos por obscenidade, decidiam não ir adiante. Teve que mandar o livro ser publicado do outro lado do mundo, na França, através da Olympia Press. Nabokov, na época, não sabia, mas a editora era conhecida por publicar livros com conteúdo pornográfico e Lolita caiu como uma luva para Maurice Girodias, dono da editora, que viu no livro um grande sucesso literário.
E acertou. No fim, o livro foi um grande sucesso, se tornando uma das maiores vendas literárias da história. O sucesso da aposta de Nabokov o deixou tão rico que o possibilitou deixar a universidade e viver da escrita e de seus estudos de insetos, até sua morte em 1977.
Nesta parte escrevo um resumo da história do livro. Se não quiser spoilers, pule direto pro fim.
O enredo de uma paixão nada puritana
Lolita é uma história de paixão, vista pelo lado da perdição mais que pelo do amor.
Conta a estória de Humbert Humbert (H.H) personagem franco-inglês que têm um pequeno probleminha: sua atração demasiada por ninfetas, ou seja, um pedófilo por natureza.
(parte 1)
Começo da vida e os problemas amorosos de H.H
Humbert foi criado na Rivieira, num luxuoso hotel que seu pai era dono (Hotel Mirana). Ali viveu seu início de vida e sua primeira paixão, Anabela.
Anabela foi a precursora do que seria Lolita, o arcabouço que inundou Humbert de desejo por jovenzinhas. Viveram um romance de crianças juntos, mas, como toda criança sujeita a tutela de seus pais, Anabela acaba viajando novamente e, 4 meses após o encontro, morre de tifo.
Humbert fica mal, mas continua sua vida, mesmo que com suas neuroses. Quando velho vai estudar na França literatura. Vive nas maiores sacanagens possíveis, frequentemente se encontrando com prostitutas e até tentando contratar menores de idade. Tenta de todo jeito achar a imagem de sua Anabela em alguma outra mulher, mas mesmo as prostitutas lhe dizendo terem 18 anos, percebe que perderam aquela inocência, e não têm a mesma aura, cor e pele das ninfas.
Depois de certo tempo decide casar. Havia envelhecido e esse era o caminho a ser tomado não?, afinal todos estavam se casando. Então, toma a mão de Valéria, filha de um médico polonês que jogava xadrez com H.H.
Vivem uma vida normal, com as brigas frequentes. Então, certo dia, recebe a notícia que estava prestes a receber a herança de um tio americano, mas a condição para o recebimento era ir morar nos EUA e cuidar dos designs das garrafas de perfume da fábrica do falecido tio. Na mesma hora vai falar com Valéria e acaba descobrindo que estava sendo corneado, e que Valéria queria ficar com o outro, um taxista Russo (pode isso, Arnaldo??). Assim, toma esta desculpa como perfeita para ir sozinho as Américas.
Vai aos EUA e passa certo tempo trabalhando, até começar a ter recaídas em seu estado mental. Tenta um tratamento em uma clínica psiquiátrica nas proximidades de Quebec, onde decide tomar um tempo para se dedicar a sua erudição e tranquilidade mental. Em uma conversa com um colega da fábrica, este último lhe recomenda para um conhecido na Nova Inglaterra, que decide acomodar H.H pelo tempo que achar necessário.
Humbert viaja então para lá, na pequena cidade de Ramsdale, só para descobrir que a casa onde moraria havia pegado fogo e sido destruída. O protagonista é então levado ao outro lado da Lawn Street, onde, numa dessas casas antigas, morava Charlotte, a senhora Haze.
Conhecida do homem que cederia um quarto a H.H, também estava com um quarto vago e aceita receber o letrado europeu. Este já está decidido a ir embora, voltar para sua vida e esquecer essa história de erudição, até perceber que Mrs. Haze não era a única moradora da casa. Lá também morava Lo, Dolores, a filha de 12 anos de Haze. Humbert ao vê-la vê uma ninfeta verdadeira e decide ficar.
Até onde nossos desejos podem nos levar??
Humbert fica por Dolores, mas a mãe da menina pensa o contrário. Ela começa a se apaixonar por Humbert, por sua erudição, pelo teor de europeu que ele trazia a casa, e pelo possível reconhecimento que poderia ter na comunidade por também estar casada, e passa os dias a espera de algum sinal de que estivesse sendo correspondida.
Enquanto isso, Humbert finge ler livros, revistas e qualquer outra coisa que o pudesse aproximar de Dolores. Ainda não têm coragem de ir além disso, ficando basicamente observando a garota e se enciumando pelos astros e famosos que ela tanto gosta. Em vários momentos Humbert parece identificar sinais de que Lolita o está provocando.
Em certo momento da trama, a mãe de Lo dá um ultimato para Humbert (como muitas mulheres já fizeram por aí kk): ou sai de casa e nunca mais volta, ou fica e nos casamos e viveremos felizes para sempre.
O maluco decide então se casar, tudo para ficar próximo de sua ninfeta.
Humbert começa a escrever um diário (manuscrito desse romance) e guarda-o no escritório, contando tudo que imagina e seus delírios pela pequena Dolores.
Em certo momento da trama, Dolores é enviada a um acampamento e sua mãe começa a vasculhar as coisas de H.H, achando o tal diário. Fica colérica e possessa, decidindo mandar Humbert embora. Este, com medo do que poderia ocorrer tenta argumentar, mas só deixa a mulher mais irada. Ela corre em direção a rua e acaba atropelada e morta.
Tudo o que Humbert queria, transformar Dolores em sua “filha”.
(parte 2)
Quando a inocência já está rompida….
Humbert resolve as questões burocráticas do falecimento de Charlotte e decide pegar Lolita no acampamento. Arma um plano para levar Lolita em uma viagem ao redor dos EUA, sem contar que sua mãe havia falecido, mas dizendo que estava hospitalizada e que estavam indo em direção a tal cidade em que ela estava.
Começam a viagem e H. percebe que Lo dá várias aberturas para ele, então começa a abusar dela nos hotéis, sempre se escondendo e ameaçando a garota de que se descobrissem ela seria enviada a um reformatório e perderia tudo. Humbert descobre também que Lolita já não é mais tão inocente e que no acampamento ela brincava de outras coisas além das atividades recreativas, embrenhada na mata com suas amiguinhas.
Após um tempo de viagem e ter finalmente contado para a garota que sua mãe estava morta (após várias inquisições acerca da duração da viagem e o tempo para vê-la novamente), Humbert decide que o melhor é tentar levar uma vida normal, deixar Dolores voltar a escola e conhecer amigas de verdade.
Vão para Beardsley, onde H.H conhece um professor de uma escola só para moças. Lá Dolores volta as aulas, mas perdeu sua inocência, vive satisfazendo H.H e ao mesmo tempo tentando provocá-lo dizendo que vai contar para alguém o que ele andava fazendo. Começa aulas de teatro, mas não se adapta muito bem a escola e as amigas.
Após acontecimentos que deixam Humbert preocupado que possa ser descoberto, decide voltar a estrada.
A fuga inesperada, o fim de Lolita…
Durante a viagem começam a ser seguidos por um conversível vermelho. Humbert fica preocupado que seja alguém que os conheça, ou mesmo um detetive.
Passam um tempo e conseguem, aparentemente, despistar o perseguidor. Mas, em uma cidadezinha qualquer no caminho para a Califórnia, Lolita fica doente e precisa se hospitalizar. Humbert volta para o Hotel e fica aguardando que a pequena se recupere, mas quando vai visitá-la descobre que ela foi embora com o outro, o tal perseguidor.
Fica louco e começa uma caçada aos fugitivos, mas tudo em vão. Passa cerca de 2 anos procurando e desiste. Começa a viver uma vida regada a bebidas, visitas a locais dos velhos tempos e problemas psicológicos, até escrever um texto que lhe traz a oportunidade de lecionar em Nova York. Lá fica aproximadamente mais um ano, até receber uma carta de Dolores dizendo que estava casada, grávida e a caminho de uma cidade no Alasca, onde seu marido tinha conseguido uma oferta de emprego como mecânico. Dolores diz que precisa do dinheiro de seus bens por direito, casa e posses para fazer a viagem.
Humbert deixa NY imediatamente e parte até a cidade da correspondência. Passa um tempo procurando pelo sobrenome que assinava a carta, Schiller, o nome de casada de Lo, até encontrar alguém que indicasse uma casa.
Chega a uma rua num local ermo, uma casa acabada, um barraco de compensado. Ao abrirem a porta, ali estava Dolores, acabada pelo tempo, já com 17 anos. Com uma barriga enorme, já não aparentava aquela suavidade que Humbert via nas ninfetas. Sua pele estava diferente, seu corpo, seu cabelo, aquela não era mais Lo.
Havia se casado com um mecânico que havia voltado da guerra, praticamente surdo. Humbert percebe que ele não é o perseguidor do conversível e questiona Dolores sobre quem era seu captor e a propõe deixar o homem e voltar a vida que tinham. A proposta é recusada, ele deixa o dinheiro e se despede até nunca mais.
Humbert percebe neste momento que a vida de Dolores nunca mais seria a mesma, ele havia destruído a infância da menina.
O passado revelado e a sina de Humbert
Lolita diz que seu captor era Clare Quilty um roteirista que era conhecido de Charlotte. Diz que ele havia levado Lolita até a Califórnia e prometido alguns papéis secundários em alguns filmes, mas a levou a algumas festas bacanais que ele organizava e Dolores não gostou nada do que viu e fugiu novamente.
Humbert, possesso pelo ódio ao homem que havia destruído seu sonho, decide matá-lo. Volta até Ramsdale, e invade a casa do roteirista, que bêbado, entra em uma batalha maluca com Humbert, que o mata aos disparos.
No fim, Humbert é preso e, aparentemente, internado em um sanatório para psicopatas.
Considerações finais
O livro, acho, é bastante grande. Foi a primeira vez que li Lolita e sempre imaginei que fosse um livro menor, quase um pequeno conto. Mas é uma bitola de quase 350 páginas. Como não consigo fazer speed reading, demorei um pouco para ler e matutar a história no meu curto tempo diponível.
A história é interessante pois, apesar de ter todo esse teor pornográfico e de sacanagens por trás (ops!!) da história, nunca usa palavras chulas ou sacanagem direta. É um livro cult clássico, nada parecido com contos pornô modernos ou com letras de funk de periferia brasileira.
A história trata de neurose, desejo e o perigo de se perder neles. O desejo de Humbert por ninfetas fez com que ele chegasse a um ponto sem volta, assim como seu ódio.
É, também, uma história de como o passado pode alterar o futuro e como o início das nossas vidas é importante para quem nos tornamos. Acho que a história talvez tenha mais sentido para quem seja pai, no sentido de tentar dar ao filho uma formação e atenção maior no entorno, principalmente quando pequenos.
A juventude de Humbert moldou quem ele seria no futuro, assim como a de Dolores foi crucial para quem ela veio a se tornar e todos os problemas que carregou.
Nos também carregamos essas neuroses conosco, mesmo que em nível e intensidades menores. Crianças muito protegidas ficam com medo de apresentações, com medo do mundo, com medo de perder, com medo de tudo. Crianças muito soltas, sem freios em relação as coisas ruins viram homens ruins, sem prudência, sem moral, que acham que podem dizer e fazer o que quiserem com os outros, destruir os mais fracos. Achar um balanço, um meio termo, uma indicação ao jovem sobre o que é coragem e moral, sobre virtude e comprometimento é dever dos mais velhos.
Sei que pode parecer besteira, mas no mundo atual, onde somos sempre bombardeados com direitos e impedimentos na criação das crianças, elas cada vez ficam mais soltas e neuróticas e com problemas futuros devido a falta de atenção dos pais, falta de união da família, dos problemas que o mundo inflige cada vez mais cedo as crianças. Tomam seus exemplos dos colegas, que são outros perdidos no mundo.
Daí tantos jovens fazendo merda tão cedo. Mas pode ser que isso seja só uma impressão minha, não sou pai e talvez esteja fazendo misjudgement da situação.
Não acho que consegui tirar uma moral gigantesca desse livro na minha primeira leitura. É um ótimo livro para passar as tardes e acompanhar uma bebida forte, é um exemplo claro de que se deixar ser possuído pelos nossos pensamentos e pelos nossos desejos pode nos levar a lugares perigosos. Lugares que seria melhor jamais ter chegado.
Obrigado e até a próxima.
Olá, Mago.
Que bela resenha! Se Lolita caísse no vestibular (Enem, hoje em dia, não é?), este texto serviria de apoio.
Gostei também de saber mais sobre a vida de Nabokov, pois nunca pesquisei muito sobre ele. Sabia apenas que tinha sido vitimado pela revolução.
O cinema retirou todo o passado de HH. Ele é apenas um cidadão comum buscando lugar para morar, desde que limpo e barato. Fica com a mãe no afã de estar perto de Lolita. Exite o diário, o qual também leva Dolores ao atropelamento. Clare Quilty é revelado desde o início e se propõe desde cedo a joguinhos mentais com o véio babão. No final do filme, Lolita está na merda também, “acabada pelo tempo, já com 17 anos”. Mas, como a atriz é linda, ficou difícil deixá-la feia. Entretanto, a vida dela está uma merda, assim como o descrito por você.
Também não consigo fazer speed reading. Nem quero. Deve retirar parte do prazer da leitura. E creio que perdemos muito das entrelinhas. Para ler, gosto de fontes grandes e espaçamento generoso. Tb não há prazer em letrinhas. Quando mais jovem, eu lia em papel bíblia e letra miúda. Isso acabou. A idade chegou. Leiamos com prazer e calma.
Será que Nobokov quis deixar uma questão moral por trás de tudo? Para mim, é apenas uma trama sobre um véio que deveria ter pensado mais com a cabeça de cima. Um livro sobre a vida, sobre escolhas, como você colocou desde o título.
Está difícil ser pai. Acho que sempre foi. Mas, antes, o mundo era menor. Não havia tanta comunicação e isso ajudava a manter a prole na rédea curta. Não temos manual para ser pais. Há o fator sorte, também. De resto, umas boas palmadas (minha esposa se encarrega disso, pois sou frouxo e nunca bati na minha filha), conversas, mostrar como é o mundo, sem colocar numa redoma, mas tentar conversar e corrigir, até mesmo com castigos corporais. No interior do NE, os pais ainda castigam os filhos. Mas, em grandes centros, o vizinho denuncia os pais, chamam o Conselho Tutelar, MP e o diabo a quatro, prestando desserviços.
Acredito que grandes são os homens que controlam seus desejos, que não se deixam ser levados por eles. Tento um dia chegar lá.
Abraços!
Olá, Neófito.
Eu gosto bastante de conhecer um pouco dos autores, me faz ver que são normais, coisa que não acreditamos, muitas vezes. Estou nessa de fazer resumos dos enredos dos livros, me ajuda a lembrar dos personagens e do que ocorre caso eu queira me recordar sem ler novamente tudo. Já fiquei muitas vezes na mão da minha memória que as vezes falha. rs!!
Não conheço a história do filme, mas foi bom você ter contado aí. Talvez veja o filme em algum momento “só por ver”, mas filmes de livros costumam ser ruins. Não todos, mas a maioria. Acho que os autores de filmes deviam tentar ser mais criativos e cada mídia ficar na sua. Muitos filmes de livros estragaram o enredo, antigamente estavam fazendo isso até com jogos, tipo com aquele filme do Street Fighter e do Mario. Mas alguns são exceções, tipo o Senhor dos Anéis, por exemplo, que é muito bom.
Quanto a questão moral nos livros, sempre busco algo para carregar pra mim, mas, as vezes, vejo que o livro deveria ser lido só como uma forma de relaxar mesmo. Acho que, hoje, levamos as coisas muito a sério, no sentido de que tudo têm que ter um “sentido”, principalmente para desenvolvimento de algo (monetário, espiritual, etc..). As vezes o melhor é levar a vida bestando, igual você colocou num post passado do seu blog.
Não sou pai, então não poderia opinar com convicção. Mas, pelo que vejo, os problemas da criação hoje são os problemas da sociedade moderna, com todo esse negócio de mídia, de sempre querer estar “alto”, de tecnologia cada vez mais avançada para gente cada vez mais nova, de querer fazer sempre algo para se mostrar, se diferenciar. Quanto as palmadas, apoio a prática e sou um pouco melhor pois já tomei várias quando pequeno kkk
“Acredito que grandes são os homens que controlam seus desejos, que não se deixam ser levados por eles. Tento um dia chegar lá.” Faço das suas palavras as minhas. Espero também chegar lá um dia.
Abraços!!
Gosto de ver entrevistas com grandes autores. Às vezes encontramos algumas pérolas no Youtube. Vendo pessoas como Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade falando, p.ex., percebemos como as grandes realizações humanas são feitas por… humanos.
Tento separar o filme da obra escrita, sempre. Caso contrário, ficarei frustrado se tiver lido o romance. Quanto a Lolita, não decepcionará. Stanley Kubrick fez o mesmo com O Iluminado: remexeu bastante no roteiro para adaptá-lo à linguagem cinematográfica e o resultado ficou tão bom quanto o livro, à sua maneira, claro.
Abraços!