Sempre gostei de provas de levantamento de peso (powerlifting ou weightlifitng).
Nessas provas dificilmente existem erros em relação ao campeão. Não existem dúvidas se os gomos do abdômen de fulano são mais desenvolvidos e aparentes que de sicrano, não existem dúvidas se o bíceps ou a coxa do atleta é mais desenvolvida. Se o atleta A levantou 0,5 kg a mais que o atleta B ele é mais forte no levantamento em questão e pronto.
Essa diferença me levou, com o tempo, a praticar algo mais próximo do powerlifting que do bodybuilding. Deixei de lado grande parte dos exercícios de máquina e passei a focar em exercícios full body. A métrica do peso e do volume de treino me eram muito mais palpáveis que as medidas corporais, já que essas últimas variam muito mais que as primeiras.
Nunca pratiquei o levantamento de peso olímpico (weightlifting), pois a grande maioria das academias do Brasil não estão adaptadas e com espaço suficiente e anilhas emborrachadas que possibilitem a prática segura. Ensinar o movimento é outro problema. Já é difícil alguém ensinar os movimentos do terra e do agacho para alguém, os professores sempre preferem mostrar as máquinas, que não tem perigo de lesão, quem dirá os arremessos do levantamento de peso, poucos conseguiriam.
Algumas academias de crossfit vêm tentando mudar esse paradigma, mas, pelo menos perto de mim, as academias de crossfit cobram valores absurdos, dificultando o acesso.
Voltando a ideia original, levantar peso visando ficar mais forte me foi vantajoso em alguns aspectos:
- Deixei um pouco de lado o quesito estética: o culto ao corpo, o bodybuilding, visa simetria, ficar proporcional, com os músculos extremamente desenvolvidos. O powerlifting, por outro lado, não está nem aí se você é gordo ou trincado, o que importa é o peso. Isso tira uma barreira de comparação, pois agora meu objetivo não é tão turvo, ele está 0,5 kg a frente.
- Fiquei mais forte no processo: Nunca estive tão forte quando agora, quando deixei de praticar exercícios nas máquinas. Fiz alguns testes nas máquinas e minhas cargas aumentaram bastante em comparação a quando fazia exercícios só nelas, com mais volume e menos intensidade. Também melhorei minha postura no processo e deixei de sentir algumas dores no joelho que me atrapalhavam antigamente.
Entretanto, algo que me deixa um pouco cansado em relação ao esporte são as expectativas irrealistas. Para um atleta comum, levantar 100 kg no supino é bastante. Mas alguns aparecem levantando 200+ kg com facilidade e dizem que basta você ir lá e treinar que vai conseguir. Que só o esforço basta para conseguir levantar 2, 3x seu peso corporal.
Hoje, somos bombardeados com personagens da mídia que aparentam serem sempre melhores que nós. No mundo do peso isso também é verdade. Muitos se fazem de limpos e passam a falsa realidade de que para chegar onde eles chegaram basta esforço e sacrifício, quando na verdade, muitas vezes, só usando umas “coisinhas” seria possível chegar lá.
No bodybuilding acho que isso já é bem direto. Não acho que alguém acredite que seja possível ficar parecido com alguns desses caras sem umas “paradinhas”.
Mas em esportes que os atletas são mais parecidos conosco, quando a diferença corporal as vezes não é tão brusca, estão cheios de atletas querendo parecer limpos, como se fossem aberrações naturais e que seus ganhos nunca foram aumentados devido a uso de algumas “coisinhas”, são frutos de uma genética diferenciada.
Os levantamentos são assim, com vários atletas se declarando naturais.
Mas no mundo do desporto olímpico de alto nível só existem dois tipos de atletas, os que já foram pegos e os que ainda serão.
Foi assim com Lance Armstrong, Maria Sharapova e outros.
Desta vez foi a vez do nosso atleta olímpico de levantamento, Fernando Reis, da categoria 109+ kg.
O gigantão foi pego na botija usando hormônio do crescimento e foi desclassificado das olimpíadas de Tóquio. Ele alega que não usou, que foi um engano, mas quem acreditará?? Agora chamou um advogado para tentar “esclarecer” o caso.
Ironia do destino que, a única medalha brasileira de um mundial de levantamento, o bronze conseguido por Reis em 2018, só foi possível pois o 3º colocado daquele ano foi pego na botija também e perdeu a medalha, deixando o lugar no pódio para o 4º colocado, o brasileiro.
Enfim, o mundo continua o mesmo. O Brasil continuará sem medalha olímpica no levantamento de peso masculino.
Agora, algumas histórias interessantes que achei na internet de atletas pegos na botija e suas desculpas:
Paolo Guerreiro: O homem responsável por dar o único título de Mundial do Corinthians, o orgulho do Peru, ficou de fora da copa de 2018 por ter sido pego no antidoping para cocaína. Sua desculpa: foi culpa de um chá de coca consumido num hotel. É tipo o cara que é parado na blitz e diz que o bafômetro deu positivo pois comeu um bombom de licor kkkk.
Romário: O baixinho foi pego no exame em 2007 com uma substância chamada finasterida, comum em remédios capilares. E disse “vou ter de parar com esse remédio aí”. Ainda disse que não usou a substância para melhora de performance: “Minha performance caiu, mas os cabelos continuam aqui. Só se tomei um doping paraguaio, porque parei de fazer gols” hahahaha.
Shawn Barber: Em 2016 o atleta canadense do salto com vara foi pego no exame em cocaína (os caras gostam disso aí). Sua desculpa: Beijou uma garota de programa que usou a substância. Ainda disse que ressaltou no formulário para a contratação da massagista que queria uma profissional “livre de drogas” kkkk, parece que deu errado.
Abraços, e cuidado com as paradinhas.
Olá, Mago!
Quando guri, pratiquei atletismo. Mas nunca levei muito jeito. Mas certamente os treinos me fizeram um bem que repercute até hoje.
Minha esposa saiu do crossfit porque ficou com medo diante de tantas lesões que via por lá. E tb devido ao elevado custo. É um negócio da China. O custo para manter crossfit me parece ser bem menor do que o de uma academia e as mensalidades são mais caras.
Tenho medo de levantar peso de forma livre, pois posso me foder. Prefiro me manter num treino simples, comedido. Poucos pesos livres com halteres. Acho que só não surtem mais resultado estético porque não tomo suplementos, gosto de álcool, comidas gordas e demais porcarias. Mas, igual a vc, não ligo tanto para o lado estético. Quando ligar para isso, farei uma abdominoplastia parcelada no cartão de crédito.
Ninguém tem grande desempenho sem ciclar. No caso de hiperplasia muscular, não creio ser possível, ainda mais após certa idade. A não ser que o sujeito tenha uma genética privilegiada.
Vejo muita gente se ferrando por excessos em treinos, se espelhando nos atletas hiper suplementados. Conheci uma menina com problemas renais devido ao excesso de proteínas.
Não podemos nos espelhar nos outros.
Um fato interessante. O marido de minha cunhada (moram em Fortaleza) nos apareceu cheio de gominhos, com panturrilha bonita e peitoral. Nos disse que estava se dedicando aos treinos e à dieta. Então minha cunhada pediu segredo e nos confessou: o cara fez uma penca de procedimentos (lipoescultura, abdominoplastia e o escambau). Ou seja: nunca nos espelhemos nos exemplos fitness alheios!
Abraços!
Ah, sou 1000% favorável ao uso de esteroides no esporte. Deveria ser algo livre e às claras. O sistema atual é: todos usam e todos fingem que não existe. Às vezes, pegam um de bode expiatória para punição exemplar e pronto. Pura hipocrisia.
Olá, Neófito.
“Quando guri, pratiquei atletismo. Mas nunca levei muito jeito.” As vezes, mesmo não levando jeito, a pratica já traz bastante benefícios, como você disse. E, de qualquer forma, o que seria levar jeito? As vezes colocamos nossos padrões muito elevados, creio (comigo é assim, pelo menos).
O crossfit é uma coisa complicada. Geralmente as academias têm boas barras e anilhas emborrachadas, que realmente são caros, mas não têm nada além disso. Talvez algumas barras, estruturas metálicas e algumas daquelas Atlas balls. Têm os professores que precisam ensinar os alunos os movimentos. Até aí, compreenderia cobrar mais caro, mas são valores absurdos os praticados. Por aqui, onde cotei, costumava custar em torno de 300 reais (em uma delas ainda precisava escolher só 3 dias da semana para frequentar), bem mais que o range 80-100 que costumam custar as academias “normais”.
Quanto as lesões, também já tive medo. Mas acho que a melhor forma de aprender é conhecendo o movimento e aumentando a carga progressivamente, não tem erro. Hoje, estamos na melhor época para aprender isso. Existem centenas de livros e vídeos mostrando o movimento em câmera lenta. Só o fato de levantar mais peso já faz de você mais resistente a lesões, caso esteja fazendo da forma correta e dentro de suas limitações.
Não acho que faria abdominoplastia hahaha, acho que a dieta é essencial, mas para não atletas ela pode ter seus luxos e regalias, como tomar alguns drinks e comer um pouco de açúcar e gordura a mais, afinal, não seremos campeões olímpicos mesmo.
Quanto ao desempenho, acho que depende do que consideramos desempenho. Ciclar deve melhorar muito, muito mesmo a performance, tenho certeza disso. Assim, tenho que saber até onde posso ir e colocar pequenos degraus para valer a pena a subida. Seria ingenuidade minha colocar como meta, por exemplo, bater algo próximo do recorde mundial de supino da minha categoria (-93kg) que é de 232 kg, mas acho plausível chegar em 130 (algo próximo de 3 anilhas grandes de cada lado), por exemplo, e acho uma boa meta para buscar, devagarinho.
Isso afeta como procedo na academia. Não poderia, de forma alguma, agir como esses caras, pois iria me lesionar. O treino precisa ser diferente também, já que naturais demoram mais pra recuperar do esforço. Nós precisamos ser nosso próprio espelho. A famosa ideia de vencer a si mesmo. Principalmente já que não competiremos, de qualquer forma.
Interessante esse fato que você contou. Isso só mostra como as pessoas dão uma importância grande ao visual na era moderna, onde fotos no Instagram são tão importantes. Isso também afeta o esporte, cada um tentando desbancar o outro e subir mais alto no pódio o mais rápido possível, levando ao grande uso de esteroides cada vez mais potentes. Também acho que deveriam ser liberados, mas também deveria haver uma educação sobre isso, principalmente mostrando que, em alto nível, o esporte talvez não seja tão saudável assim.
Abraços!! e desculpe pela resposta grande kkk
No caso de minha esposa e com colegas próximos, sinto certa incompetência dos instrutores. Forçam demais, inventam competições etc.
Um colega precisou de cirurgia no braço devido a cross.
Os preços são mesmo desproporcionais. A não ser que os profissionais de cross cobrem mais caro do que em academias, e daí o valor da mensalidade. Só isso explicaria, para mim.