The Old Man and The Sea (O Velho e o Mar)

….Only i have no lucky any more. But who knows? Maybe today. Every day is a new day. It is better to be lucky. But I would better be exact. Then when the luck comes you are ready.

Ernest Hemingway

Todo homem precisa encontrar algum sentido.

Um sentido para a vida, ou o motivo de estarmos aqui, podem ser vários. Pode ser a família, sua profissão, seus ideais, seu hobby, sua empresa, qualquer coisa, contanto que essas coisas representem para você algo que faça valer a pena continuar a se levantar todos os dias.

Para Hemingway, provavelmente, sua vida tinha sentido quando escrevia. E, muitas vezes, quando fazia as coisas que gostava: pescar e caçar, por exemplo.

Primeira capa do livro, de 1952 (Faziam belas capas antigamente.

Na época em que escreveu O Velho e o Mar, Hemingway estava numa fase ruim, considerado em declínio pelos seus críticos e pares literários. Seu último trabalho considerado bom havia sido escrito há mais de 10 anos (For Whom the Bell Tolls, em 1940). Seu trabalho seguinte, Across The River And Into the Trees, em 1950, havia sido destroçado pela crítica, tendo em vista a qualidade do trabalho anteriormente apresentado.

Para todos, em 1950, Hemingway estava acabado.

Então veio sua redenção.

The Old Man And The Sea (O Velho e o Mar, em português) veio para trazer sentido a vida de Hemingway, para colocá-lo em outro patamar da literatura, para redimi-lo de todas as críticas em relação a sua arte. O livro angariou o prêmio Pulitzer de ficção em 1953 e trouxe o prêmio Nobel de literatura em 1954.

Estória

Everything about him was old, except his eyes and they were the same colour as the sea and were cheerful and undefeated.

Ernest Hemingway

O livro é curto (cerca de 100 páginas na versão que li, em inglês, da Random House) e pode ser lido em uma tacada só.

Conta a história de Santiago, um pescador que, mesmo envelhecendo, continua a enfrentar a rotina difícil de sua profissão nas praias de Cuba, em uma vila próxima a Havana.

Costumava ser auxiliado em seu barco por um jovem, Manolim. Mas, após ficar 40 dias sem conseguir pescar nada, os pais de Manolim o obrigam a ir para outro barco, um que traga mais sorte.

No momento em que encontramos Santiago na estória ele já está a 84 dias sem pescar um único peixe. Alguns marinheiros dizem que ele está salao, o pior tipo de má sorte. O velho, que havia ensinado o menino a pescar, ainda era ajudado por ele nas horas vagas, com alguns mimos, como iscas e auxílio nas provisões do barco.

Mora numa cabana feita de palmeiras e, aparentemente, sua mulher já morreu. Vive sozinho com os restos de um passado distante, sonhos de uma vida passada, quadros de santos e um antigo quadro de sua mulher, que havia sido retirado da cabana para que não lembrasse constantemente de sua solidão.

Na véspera do 85º dia sem pescar, Santiago decide sair em alto-mar para tentar virar a sorte. Seu recorde máximo havia sido de 87 dias sem pescar nada, e não estava disposto a passar mais do que isso. Os outros pescadores já zombavam dele, e brincavam com sua inépcia, pois, aparentemente, havia ficado velho para a atividade.

Após um dia inteiro se afastando da costa e colocando suas iscas no mar, Santiago consegue pescar um peixe. Aparentemente é um peixe gigantesco e forte, pois começa a puxar o barco em direção ao oceano.


Christ, I did not know he was so big

‘I’ll kill him though’ he said. ‘In all his greatness and his glory’

Althought it is unjust, he thought. But I will show him what a man can do and what a man endures.

‘I told the boy I was a strange old man’ he said, ‘ now is when i must prove it’.

The thousand times that he had proved it meant nothing. Now he was proving it again. Each time was a new time and he never thought about the past when he was doing it.

Ernest Hemingway

Então, para priorizar o enorme animal, corta as cordas das demais iscas, deixando algumas para poder pescar algo para se alimentar, e as amarra na corda fisgada, para poder dar corda ao peixe, quando necessário.

Santiago passa cerca de 2 dias inteiros com o peixe, se alimentando pouco e com as mãos machucadas devido a pressão das cordas, até conseguir cansá-lo o suficiente para poder finalmente vencê-lo. Enquanto o peixe circula nas proximidades do barco, Santiago enfia, enfim, seu arpão em seu coração e, finalmente, consegue arrematá-lo.


…’but man is not made for defeat’, he said ‘ a man can be destroyed but not defeated

Ernest Hemingway

Como o peixe é demasiadamente grande para ser colocado dentro do barco, Santiago o amarra na lateral, para poder retornar a costa.

Porém, o rastro de sangue acaba atraindo tubarões. Santiago tenta lutar contra os primeiros, mas acaba perdendo seu arpão, enfiado na cabeça de um deles. Sobram sua faca e seu mastro, que são utilizados como armas contra os grupos de tubarões que se acercam do grande peixe. Entretanto, não são suficientes contra o cansaço e a quantidade de tubarões enfrentados, que acabam devorando o peixe de Santiago, deixando-o somente com o rabo, a cabeça e o esqueleto, no meio.

No fim, apesar de todos os seus esforços, os tubarões acabam sendo muitos, e o velho acaba voltando para casa sem nada, machucado, cansado e com sua honra ferida.

Quando acorda, os outros marinheiros percebem quão grande era o peixe de Santiago, e lamentam sua perda. Ninguém mais brinca sobre sua má sorte, pois todos parecem saber quão difícil havia sido sua vida nesses dias em alto-mar.

Manolim conta que haviam ido em busca de Santiago até com helicópteros, mas não haviam encontrado seu barco. Então se apresenta novamente para ajudá-lo, pois o próximo dia seria um novo dia, para uma nova pesca.

Mais um dia.

Aparentemente era algo normal que os peixes fossem devorados pelos tubarões na volta dos barcos cubanos para casa. Na foto, Hemingway, ao lado de um peixe parecido com o de sua estória. Photograph in the Ernest Hemingway Photograph Collection, John F. Kennedy Presidential Library and Museum, Boston.

Moral da História

O Velho e o Mar é uma parábola da vida de Hemingway, ficando cada vez mais velho, tendo que ir o mais distante e o mais simples possível em sua arte, e tendo que enfrentar os tubarões da crítica para manter aquilo que ele mais prezava, sua escrita.

Uma história de redenção, de superação, de usar aquilo que se têm em mãos para fazer das laranjas um suco.


…you should habe brought many things, he thought. But you did not bring them, old man. Now is no time to think of what you do not have. Think of what you can do with what there is.

Ernest Hemingway

Mas também é uma parábola muito boa para nossas próprias vidas, tendo que conviver com as opiniões alheias, constantemente ruins a nosso respeito, e seguir em frente, sempre tentando melhorar, mesmo que só no âmbito pessoal, ainda que, no final, tudo leve a nada, e percamos tudo.

Ainda assim, no fim, independente do que aconteça, sempre haverá um outro dia, para recomeçar.

Obrigado por ler até aqui….

Até a próxima.

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Neófito
3 years ago

Olá, Mago.

Belo post. Chuto ser o melhor que li aqui. Mas, claro, porque gosto deste romance. Diria “novela”, na verdade. Bem curtinho.
Você selecionou alguns trechos e, acho, este foi o que mais ficou na minha cabeça desde que o li a primeira vez:
“I’ll kill him though’ he said. ‘In all his greatness and his glory”
Mas, claro, li em português. Uma boa tradução.
Esta fotografia é um belo achado. Nunca a tinha visto. “Ernesto” tinha boas histórias de pescador para contar…
Quando você cita os nomes dos personagens, me faz lembrar como quase não há nomes na obra. São apenas “o velho” e “o mar”.
Gostei da moral da história. Nunca havia associado à própria vida do autor.
Para Hemingway, um dia, não havia mais amanhã. Nem esperança.
Abraços!

Neófito
3 years ago

Não sabia desse mercado de venda de fotos on line. Não de imagens históricas e de personalidades. Pensei que fosse um mercado restrito a bancos de imagens digitais para fins publicitários etc.

Sobre: “mas vivia uma vida que muitos consideram como o ápice da boa vida”… É realmente sedutor se imaginar como ele viveu. Mas, há anos, agradeço a Deus todos os dias pela vidinha besta de cada dia.

Abraços!

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