Poucas são as invenções brasileiras que valem a pena ser lembradas. Talvez, por termos sido colonizados pelos portugueses, eternos atrasados do velho continente, sempre buscando se tornar uma França ou Inglaterra, tenhamos herdado essa mentalidade de esperar os outros fazerem primeiro para copiarmos alguns anos depois, ou importar, o que for mais fácil.
Entretanto, vira e mexe, o brasileiro acorda e cria coisas “inovadoras” (como gostam de chamar os professores modernos). Entre essas invenções fantásticas podemos citar o orelhão (muito melhor que aquelas cabines claustrofóbicas inglesas), o motor a álcool, o spray de futebol (nunca mais a barreira irá se mexer), o copo americano (que de americano só tem a máquina que o fez), a urna eletrônica, a bina telefônica e o câmbio automático.
Alguns até alegam que fomos nós, os brazucas bomba patch (diga-se de passagem, essa versão do jogo sim foi uma invenção legal, “100% atualizado“), que inventamos o avião, a fotografia, o dirigível e a máquina de escrever. Bem, deixarei aos estudantes de história procurarem se houve ou não alguém antes dos brazucas a fazerem essas invenções.
Também temos invenções próprias e inúteis como o futevôlei (pois não basta estar na praia, temos que jogar futebol) e o futebol de areia (não falei!!).
Existem coisas que não faço a mínima ideia se foram inventadas por brasileiros, mas não existem em lugar algum do mundo, só aqui. Uma delas é o fantástico frango de padaria, rodando na máquina de frango giratória. Essa máquina, responsável por exalar um cheiro extasiante durante as manhãs de Domingo, atrai para suas proximidades todo tipo de animais em busca de um pouco de comida: humanos, cachorros, gatos, pombos, entre outros. Habitando sempre do lado de fora de padarias ou pequenas churrascarias de bairro, é um item que jamais encontrei em qualquer lugar ao qual fui, nem na Argentina, nem na França, nem na Inglaterra, tampouco no Paraguai.
Que surpresa tive hoje, ao abrir o site da Folha de São Paulo (ela de novo por aqui) e descobrir que nosso Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, numa tentativa de convencer os enviados de Joe Biden -que vieram ao Brasil, virtualmente, em busca de uma floresta menos desmatada-, comparou-nos a um cachorro sentado, abanando o rabo diante de uma máquina de frango assado.
Não acompanho muito essas questões de decisões políticas feitas entre governos estrangeiros e o nosso, pois além de demoradas, muitas vezes resultam em nada além de tempo perdido de quem fica lendo e analisando (vide jornalistas de todo esse brasilzão). Prefiro só ver o resultado final, já que só é isso que importa para nós da massa, e, então, decidir se é bom ou ruim. Entretanto, tive que ler a notícia até o final para entender o que diabos Salles queria dizer com isso.
Aparentemente, Uncle Joe Baidinho, está a exigir de nosso mítico presidente, Soldier Bolsomito, ações e metas objetivas e concretas para preservar as florestas Amazônicas, o tal do pulmão do mundo, acabando com qualquer desmatamento até 2030 e mostrando alguns resultados ainda neste ano. Para assegurar que teria uma pressão para “mostrar serviço”, Baidinho convidou (leia intimou) o Mito para se apresentar na Cúpula de Líderes sobre o Clima – mais uma reunião chata que deve ter a presença de gente querendo dar pitaco nas decisões internas do Brasil.
Entretanto, o mito já “mandou a real” para o americano folgado: Estamos duros, se quiser proteger essa merda pode mandar dinheiro pra essa bagaça (leia imitando a voz de carrioca com raiva do presidente se dirigindo a repórteres fazendo perguntas inescrupulosas). Só para se ter uma ideia, Salles pediu “só” 1 Bi até 2021 na última reunião.
Daí a ideia fantástica de apresentar um slide com um cachorro sedento de fome de frente para uma máquina de frango com o escrito “payment expectation” acima e cifrões nos frangos.
Bem, isso me leva a algumas perguntas:
- Internamente, não seriam todos os que estão a receber, e a pedir cada vez mais, (e se contentar com isso!!) esse monte de auxílios também “cães sedentos por dinheiro” dado de bandeja?
- Poderia esta ser uma boa metáfora para o mundo moderno? Um cão olhando todos aqueles itens suculentos que custam dinheiro e esperando que, do céu, alguma mágica faça que um “frango” saia e seja dado para ele. Ou, pior ainda, ficar correndo atrás do próprio rabo para trabalhar eternamente em busca de melhores ganhos e nunca deixar de olhar para a máquina de frangos, deixando de ver que existem outras estradas ao lado. (Se esse for o caso, Salles é um pensador pesado, deve discutir isso nessas reuniões)
- Teria Salles trabalhado na indústria privada? Pois se eu apresentasse uma imagem linda dessas para o emissário do presidente das empresas em que trabalhei (seriam os EUA o presidente do mundo? ou a China já tomou esse posto?), teria sido demitido logo após tomar uma bela comida de rabo.
- Estaria ele pronto para trabalhar em um posto de governo, de liderança? Estariam, qualquer um desses indivíduos que estão lá por escolha do povo ou por indicação, preparados para fazer qualquer coisa que preste?
- Se a resposta acima for não, seria realmente a voz de Deus a voz do povo? Será que a voz do povo não é a voz do dinheiro e das facilidades e Deus está pouco se lixando para o que acontece por aqui em baixo?
Bem, no fim, mais uma semana passa e nada muda. Enquanto isso um tribunal de juízes continua discutindo se a decisão que tomaram na semana passada deveria ser alterada ou mantida para esta que entra. As vezes me pergunto por que ainda não mudaram a seção de política dos jornais para a seção de piadas e diversões e fazem todos nós de palhaços de uma vez por todas.
Ainda assim, gosto de imaginar que algum dia essa terra irá pra frente, pois pelo menos, se acontecer, posso afirmar que sempre acreditei. Esperando eternamente por mais invenções fantásticas e por menos politicagem barata.
Uma ótima semana e um grande abraço a todos.
Caso queira ler o artigo que comento no texto, clique aqui.
Olá, Mago!
Esse cheirinho de frango assado mexe com meus instintos mais primitivos…
Nem sabia desse spray. Fui pesquisar e vi que estão querendo proibir. Isso sim é o Brasil: algo prática, seguro, eficiente contra os avanços indevidos está incomodando, pois este país foi feito para malandragem, para a bandidagem, para os jeitinhos.
Não sabia dessa declaração do Ministro. Mas concordo. Americanos não cuidam de suas florestas, poluem mais que nós devido ao processo industrial e ao uso expressivo de combustíveis fósseis, alocam parte de seu parque fabril na China (a nação que mais polui neste Planeta e não está nem aí para isso) e agora vêm cagar regra.
A Dinamarca mata focas por “tradição” e ninguém se mete.
A Noruega embolsa muita grana com petróleo sem ter reservas, apenas poluindo nações mundo afora, e ninguém se mete.
A coisa é por aí… A lista é grande.
Fiscalizar nossa reserva florestal é caro. Não temos grana para isso. A cooperação já foi ofertada, desde que haja respaldo financeiro. Cadê os benefícios de crédito de carbono? Se devemos ser os pulmões e o celeiro do mundo, ficaremos gratos em ter retorno como bufunfa e tecnologia. Mas querem acordos “caracu”, onde eles entram apenas com a “cara”.
Também não sabia que a “televisão de cachorro” foi invenção nossa. Fiquei duplamente satisfeito por saber disso e pelas palavras de Salles. Ainda mais para Biden, que anda chamando impunemente presidentes de outras nações de ASSASSINOS, como Putin e Bolsonaro.
É sempre bom lembrar que todo o desenvolvimento ianque se deu às custas de sangue, poluição e um rol infinito de crimes ambientais…
Post bacana!
Abraços!
Olá, Neófito, tudo joia por aí? Por aqui vão bem, na medida do possível.
Realmente, esse cheiro do frango assado de padaria é bem marcante do Brasil. Como digo no texto, não tenho a certeza absoluta de que essa máquina é uma invenção brasileira, mas, de uma maneira empírica, diria (já que nunca vi nada parecido por onde passei, nem em vídeos de outras localidades do mundo que assisti), considerarei como tal. Mas vá lá saber se não foi um cara da Groenlândia que está a rodar frangos nas geleiras, só Deus para dizer. De qualquer forma, ela é uma máquina marcante por aqui. (Eu até tentei procurar quem foi o autor desta obra prima, mas acabei não achando nada, pois o google mostra só máquinas a venda. No INPI, achei uma patente que parece com a da máquina, mas data de 1995 e tenho uma grande suspeita de que essa máquina é mais antiga que isso)
Quanto a declaração, talvez eu tenha sido infeliz com as aspas, pois minha ideia inicial era parafrasear o que o cara da Folha disse e acabei esquecendo de arrancá-las do meu texto (acho que você está a dizer de “cachorro sentado, abanando o rabo diante de uma máquina de frango assado” que está entre aspas). Vou fazer esse concerto, para não parecer que estou a dizer que ele foi quem disse isso (posso acabar tomando um processinho, vai saber). De qualquer forma, não achei uma comparação de bom gosto por parte do ministro, pois, segundo o jornal, a imagem com a máquina de frango estava lá. Também não duvido que com toda sua sapiência, o excelentíssimo não tenha dito algo do tipo, ou até pior, na tentativa de explicar o slide (risos!!)
Concordo com você no que tange as questões de fiscalização e cooperação estrangeiras para proteção das matas. Lembro que ano passado várias florestas americanas estavam queimando fervorosamente devido ao tempo seco da costa oeste e não lembro de ninguém meter o bedelho dizendo que eles estavam poluindo muito e destruindo suas reservas. Quando ocorrem grandes secas, como a que ocorreu no pantanal, e acaba havendo incêndios, culpam o Governo Brasileiro (como se ele fosse São Pedro para mandar água e chuva).
No fundo, eles querem se aproveitar das nossas reservas (ambientais, agropecuárias, petrolíferas, metálicas, etc..) e levar de graça, igual os portugueses e espanhóis fizeram há muito tempo.
“É sempre bom lembrar que todo o desenvolvimento ianque se deu às custas de sangue, poluição e um rol infinito de crimes ambientais…” e continuará se dando, acredito eu, até o fim dos tempos, ou outro tomar o lugar.
Abraços, e obrigado por me atentar para este detalhe despercebido.
Haverá uma terceira parte nas postagens sobre lápis, canetas e papel, mostrando trabalhos e resultados quanto à caligrafia?
Não estava em meus planos fazer uma parte três pois, no fundo, não faço caligrafia pura. Melhorei minha letra cursiva com os exercícios mas nunca cheguei ao ponto de fazer nada parecido com letras de casamento, por exemplo, ou me dedicar a fazer fontes distintas. Tudo que tenho escrito estão nesses caderninhos, tenho alguns em casa. As lembranças antigas de coisas escritas creio que se perderam com o tempo. Talvez eu procure algo nesse final de semana para comparar, mas acho que não sobrou nada da minha letra cursiva antiga. A gente acaba esquecendo essas coisas (e jogando fora, muitas vezes), são como fotos em álbuns que acabamos só encontrando uma segunda vez depois de velhos, a vasculhar baús.
De qualquer forma, obrigado pela sugestão. Se eu achar algo antigo para comparar farei a parte 3.
Fala, Mago!
Quando li o post, fiz uma breve pesquisa (coisa rápida, mesmo) e também não achei nada a respeito. Pesquisando a esmo, até mesmo tentando variantes na língua, não encontrei similar estrangeiro. Vai que essa é nossa, mesmo?
Há bastante tempo, vi que quem inventou a variante da abraçadeira de nylon para lacrar malotes com numeração foi um brasileiro. A família ficou riquíssima com royalties. Isso me causou surpresa… Ainda inventam coisas úteis por aqui. Se bem que, hoje, quase não se remete papel impresso via malote. Tudo eletrônico, com token, graças a Deus!
Quanto ao Salles, o imagino fazendo pior, em algum evento internacional, mostrando slides e num dado momento mostrando a fotografia de alguma padaria brasileira e dizendo: “Aqui vemos o Biden lambendo nossos recursos, madeira, água e minérios”. E francamente, foda-se a liturgia do cargo. Isso não existe mais. Não se faz mais política internacional com gracejos e sorrisos. Quem não for pro pau, demonstra fraqueza. Pompas diplomáticas são coisa do passado. O mundo mudou. Os discursos em organismo internacionais são extremamente agressivos!
Sou plenamente favorável à cooperação internacional na floresta, com GRANA e tecnologia DOADAS. Preservar mata nativa exige gastos com fiscalização, ferramentas de ponta e lucro cessante, quando não derrubamos árvores para fazer pasto. Simples assim. Não adianta sermos românticos. É uma conta simples de crédito de carbono.
No caso de queimadas, as redes sociais estavam aí entupidas de vídeos com membros de ONGs provocando-as. A situação é alarmante! O buraco é bem maior do que pensamos.
Quanto à caligrafia, pensei que você estaria, talvez, evoluindo para algo tipo lettering. Se bem que, atualmente, só em saber escrever à mão já é algo louvável!
Abraços!
Vou dar meu pitaco e dizer que tenho quase certeza que é nossa kkkk se ninguém aparecer com o projeto de outro lugar, darei como certo ser daqui essa criação, só que é uma criação sem dono.
Não sabia dessa da abraçadeira de nylon. Temos bastante criatividade aqui, mas muitas vezes não temos os meios, ou a paciência para matar todos os leões necessários para abrir uma empresa e fazer acontecer a produção.
Realmente, não existe espaço para quem ficar se mostrando fraco. Precisa dar a cara a tapa e enfrentar de frente. Pelo menos nisso o Putin pode ser lembrado, o cara não leva desaforo pra casa, não importa de quem vêm. Aqui, a maioria é bunda mole e quer ser sempre ser amigo do fortinho, nunca se tornar o forte.
Sei que é impossível fazer o financiamento de proteção de florestas brasileiras na atual situação do nosso Estado. E nem é por falta de dinheiro, creio, mas por falta de organização e vergonha na cara (muito dinheiro sendo surrupiado e jogado na latrina para fazer nada produtivo). Tenho bastante medo disso de deixar os outros financiarem algo nosso. As chances de quererem contrapartida futura é muito grande e podem usar isso como argumento. Mas essa situação é realmente muito mais complexa que parece, com muitos interesses no meio do caminho. Daqui de baixo, diria, é muito difícil tomar uma decisão acertada com relação a isso.
Talvez, se tivesse uma veia artística forte pulsando em mim, tivesse seguido esse caminho mesmo(lettering), ou desenho, que era algo que gostava quando criança, apesar de nunca ter sido bom (mas nunca me esforcei para aprender de verdade, também). Mas a vida é dura e, muitas vezes, acaba nos jogando em outras direções. Acabei começando a trabalhar e levando a faculdade junto terminei por não ter muito tempo livre para me dedicar as artes. Tenho certeza que não sou o único. O mundo é cheio de sonhos não realizados e desejos insaciados. Talvez um dia volte a tentar algo do tipo, mas como minha coordenação motora já não é tão boa, penso que tentarei algo mais digitalizado, como fotografia.
Abraços!!
Sobre: “As chances de quererem contrapartida futura é muito grande e podem usar isso como argumento”
É só receber a grana e a tecnologia e depois mandar às favas. É assim que nações se relacionam hoje em dia… Na canalhice, na safadeza.